Como diria o potinho de Sal Cisne...

"Puro bom gosto.
iodado"

Acho que vou começar a me apresentar assim.

Olá, sou um cara bacana. Puro bom gosto. Iodado.

Certos Excertos

"Aqueles não eram os mesmos olhos com os quais observara aquela vista pela última vez, e o cérebro que interpretava as imagens que seus olhos montavam também não era o mesmo cérebro. Nenhuma cirurgia envolvida, apenas a desarticulação contínua da experiência."

Douglas Adams - Até Mais, e Obrigado pelos Peixes

Esse povo que faz biologia é muito louco, mesmo.

S. m. Bras. Zool.
1. Peixe actinopterígio, caraciforme, caracídeo (Curimata elegans), com larga distribuição no Brasil, de coloração cinzento-escura, com tons azulados, que passa aos poucos para branco no abdome, com reflexos prateados. Comprimento: até 16cm.

[Sin.: saguaru, sagüira, saburu, biru, biruba, beiru.]

Pode contar.

Esta frase contém dezoito palavras, trinta e oito sílabas, oitenta e sete letras e cento e sete caracteres.

A Frustração do Infelizmente.

Descobri que, na verdade, eu tenho preguiça de escrever.

Certos Excertos

"(...)
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
(...)
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde"


"Eu vou pagar a conta do analista, pra nunca mais ter que saber quem eu sou."

Blues da Piedade e Ideologia - Cazuza

Certos Excertos

"O passo entre a realidade que é fotografada na medida em que nos parece bonita e a realidade que nos parece bonita na medida em que foi fotografada é curtíssimo."

- Ítalo Calvino ("Os Amores Difíceis")

Certos Excertos

"(...)
Quando chove nos braços da formiga o horizonte diminui.
Os cardos que vivem nos pedrouços têm a mesma sintaxe
que os escorpiões de areia.
A jia, quando chove, tinge de azul o seu coaxo.
Lagartos empernam as pedras de preferência no inverno.
O vôo do jaburu é mais encorpado do que o vôo das horas.
Besouro só entra em amavios se encontra a fêmea dele
vagando por escórias...
A 15 metros do arco-íris o sol é cheiroso.
Caracóis não aplicam saliva em vidros; mas, nos brejos,
se embutem até o latejo.
Nas brisas vem sempre um silêncio de garças.
Mais alto que o escuro é o rumor dos peixes.
Uma árvore bem gorjeada, com poucos segundos, passa a
fazer parte dos pássaros que a gorjeiam.
Quando a rã de cor palha está para ter - ela espicha os
olhinhos para Deus.
De cada 20 calangos, enlanguescidos por estrelas, 15 perdem
o rumo das grotas.
Todas estas informações têm uma soberba desimportância
científica - como andar de costas."


Manoel de Barros - "O Guardador de Águas"

Ofensa do Dia

"Seu estudante de metabologia!"





(sim, existe.)

Certos Excertos

“(...)
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco a sua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
(...)
Quando notares que estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés “

- O mundo é um moinho


“Nada consigo fazer quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração, sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto em meu peito um vazio
E faltando as tuas carícias
As noites são longas e eu sinto mais frio”

- Peito Vazio


E, Cartola.

As Good As It Gets

Existem algumas situações do convívio social que são extremamente desagradáveis. Eu detesto, por exemplo, despedir duas vezes. Você fala tchau, cumprimenta, resmunga alguma gracinha e, cinco minutos depois, por qualquer motivo, cruza novamente com a pessoa. Aí fica sempre a dúvida entre falar tchau de novo como se fosse a primeira vez; ignorá-la completamente como se você já tivesse de fato ido embora; despedir de um jeito diferente para mostrar seu jogo de cintura; sorrir sem graça e comentar sobre o tempo; falar “tchau de novo!”, cheio de gracejos, fingindo não estar sem graça.
De todos os jeitos é desagradável. Eu tento sempre esperar a última-última-hora para despedir, e depois saio correndo olhando para o chão evitando ao máximo um reencontro perturbador.

Maldição do Dia

"Que todas as feras de terra te devorem mil vezes e mil vezes te vomitem!"



(extraída do livro "Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido" - José Saramago)


É muito efeito. Imagina só: você pisa sem querer no pé de alguém. A pessoa lhe diz "Vai se foder!". E, em reposta, você solta: "que todas as feras da terra te devorem mil vezes e mil vezes te vomitem." Acabou aí. Você deixa sua vítima moralmente destruída.

Certos Excertos

Diálogo entre os cavalos Roncinante (de Dom Quixote) e Babieca (do El Cid)

B. ¿Cómo estáis, Rocinante, tan delgado?
R. Porque nunca se come, y se trabaja.
B. Pues, ¿qué es de la cebada y de la paja?
R. No me deja mi amo ni un bocado.
B. Andá, señor, que estáis muy mal criado,
Pues vuestra lengua de asno al amo ultraja.
R. Asno se es de la cuna a la mortaja.
¿Queréislo ver? Miraldo enamorado.
B. ¿Es necedad amar?
R. No es gran prudencia.
B. Metafísico estáis.
R. Es que no como.
B. Quejaos al escudero.
R. No es bastante.
¿Cómo me he de quejar en mi dolencia,
Si el amo y escudero o mayordomo
Son tan rocines como Rocinante?


B. Por que está, Rocinante, tão magro?
R. Por que nunca se come, e se trabalha.
B. Pois, que aconteceu com a cevada e a palha?
R. Meu amo não me deixa nem um bocado.
B. Cuidado, senhor, que está muito malcriado.
Porque sua língua de asno ultraja seu amo.
R. Quem é asno é asno do berço à mortalha.
Quer ver? Olha como ele está apaixonado.
B. Amar é estupidez?
R. Não é uma grande prudência.
B. O senhor está metafísico.
R. É que eu não como.
B. Queixe-se ao escudeiro.
R. Não é suficiente.
Como vou me queixar de meus problemas,
Se o amo e escudeiro ou mordomo
São tão quatro patas como Rocinante?

(Dom Quixote - Miguel de Cervantes)

Junk Food e Objetivos de Vida

Se você é dessas pessoas que acha o Bauru um lanche MUITO melhor que o misto quente, o tomate fazendo toda a diferença (eu sou uma dessas pessoas), então você vai achar interessante o tanto que ESSES CARAS são noiados com lanches. O X-Salada, epecificamente.

Pessoas que perdem essa quantidade de tempo com projetos pessoais dessa magnitude merecem nossa atenção. Dêem uma olhada lá.

Hollywood deixa nossa vida sem graça

Por falar em coisas que eu sempre quis fazer, existem algumas frases de efeito que eu sempre quis usar, mas dificilmente aparece uma oportunidade. Por exemplo:

“Quando eu contar até dez, saia daí com as mãos para cima!”

"Siga aquele carro!"

“Parem as prensas!!”

“Saiam da frente, eu sou médico!”

“Eu acho que estamos andando em círculos!”

e muitas outras.

Eu ia ser mais feliz se tivesse mais oportunidades de usar frases de efeito.
E, principalmente, se minha vida tivesse trilha sonora.

Betas

Uma coisa que eu sempre quis fazer: encontrar um motorista de ônibus público em uma situação fora do trabalho dele, para poder bater uma moedinha numa barra de ferro e testar sua reação. Com certeza ele vai esboçar alguma. Ou vai procurar, espantado, o cobrador; ou olhar, desesperado, para ver se alguma luzinha tá acesa; ou vai correr para abrir a porta mais próxima.
Ele fica o dia inteiro ouvindo o barulhinho e reagindo a ele instintivamente, completamente condicionado.

Aliás, com o cobrador deve-se obter efeitos semelhantes. É só deixar uma moedinha do lado dele e ficar esperando ele precisar se comunicar. Alguém entrou e esqueceu a porta aberta, “tliinnnn!”. Vai chamar o garçon no restaurante, “tliiinnnn!” - dá-lhe moedinha na mesa.

Tem gente que se diverte

Olhem essa poesia-paráfrase-política exibida pela prefeitura de Esperantina, no Piauí:

"Orgasmo: Endurecer sem Perder a Ternura"

é pra comemorar o Dia do Orgasmo (9 de maio), decretado e aprovado pela Câmara de vereadores da cidade e que vem sendo oficializado pela população - seja lá o que isso quer dizer.


E eu aqui na cidade grande, com os mesmos "fora FMI" e "Diga não à Alca" de sempre.

Topo da Cadeia

Descobri que o último dinossauro descoberto no Brasil, o Amazonssauro, difere dos demais diplodocóideos por ter espinhos neurais únicos em vez de duplos, como o Titanssauro. Não faço idéia do que são espinhos neurais, mas com certeza é alguma coisa que proporciona um imenso poder.

Imagina só: “Sai da frente agora, senão vou ser obrigado a usar meus espinhos neurais duplos!”. Não precisa dizer mais nada. Só um meteoro mesmo pra acabar com um bicho desses.

Pra quê super-heróis se pudéssemos ter ventosas, bioluminescência e espinhos neurais duplos? Não ia ter pra ninguém! Não sei quanto a vocês, mas na próxima distribuição de características no céu eu já sei em que fila vou ficar.

Tsu-o quê?

Engraçado como de vez em quando alguns termos entram em voga, todo mundo sabe na ponta da língua o que significam e são capazes de ficar horas dando explicações científicas, históricas ou sociais sobre a questão. Mas, depois de um tempo, a palavra torna-se só uma memória distante, algo do passado, e peloamordedeus-não-me-peça-pra-escrever-o-nome-corretamente.

Isso acontece, principalmente, com palavras estrangeiras muito complexas ou fenômenos bizarros da natureza. O Impeachment é o melhor exemplo. Lembra quantas vezes essa palavra aparecia em todo canto naquela época do marajá-jetski-aquilo-roxo? Pois é. De todos aqueles que se lembram perfeitamente hoje em dia do funcionamento do processo, de como ele é feito, aposto que uma fração mínima sabe escrever a palavra. E vice-versa.

Outra coisa que não se menciona mais: o El Niño. Lembram, do “menino do Pacífico”? Quem era esse, mesmo?
O próximo da lista vai ser nosso amigo Tsunami. Ele está aproveitando alguns de seus últimos momentos de fama, tem virado até expressão popular. “Nossa, você tá um Tsunami de grande.” “Santo Tsunami! O que é isso?” E por aí vai.

Daqui a pouco ele vai ser só “aquela ondona lá”. E o próximo termo virá por aí. Tomara que seja um outro fenômeno bizarro da natureza. Nunca canso de me surpreender com ela.

Deve ter sido mais ou menos assim, até eles chegarem a uma teoria sólida..

Ofensa do Dia

"Seu araticum-cagão!"



(Araticum-cagão - S. m. Bras. Bot.
1. Árvore ornamental da família das anonáceas (Anona cacans), de bagas ovóides, de polpa comestível; - Aurélio)

Disputa difícil

Não sei quem me fez passar mais raiva, se foi o Pedro Bial com aquele olhar de galã-bem-passado e todos aqueles gracejos recém-saídos da latinha; ou se aquela monga da cabeleireira falando com o nariz: "Binhal, rá dissi qui li amo, hoje?"

Vi aquela outra imbecil pelada hoje na revista, e lembrei deles.


(uma das melhores notícias que eu li esse ano foi uma de quando os BBB´s tentaram sair sem pagar a conta do rodízio - já que eram celebridades - e o dono do restaurante riu da cara deles.)

Achados e Perdidos

Perdi minha auto-confiança lá em Piratininga, onde nasci.

Se alguém achar me devolve, por favor. É uma roxa, não muito grande.

Notícias do mundo moderno - Pizza envenenada

"Nove pessoas passaram mal após comer uma pizza em Petrolândia, no sertão de Pernambuco na noite de ontem. Todos tiveram convulsões e ficaram inconscientes e foram levadas para o Hospital da Restauração, em Recife. Há suspeitas de envenenamento. A pizza foi encaminhada hoje à polícia para análise.

O lanche foi entregue, com um refrigerante e uma carta de amor, ao aluno do Ensino Médio da Escola Estadual de Jatobá Paulo Henrique Alves, 22 anos. O rapaz distribuiu a pizza para os colegas e funcionários da unidade. No mesmo instante, as pessoas passaram mal, sofrendo hemorragias.

Um moto-taxista entregou a pizza ao estudante, dizendo que havia sido enviada 'por uma menina' (...)"


Nada do que acontece numa cidade chamada Petrolândia, no sertão de Pernambuco, deve ser muito normal.

Mas o que é mais interessante, é que o cara recebeu uma pizza anônima, de graça, e quem a comeu passou mal "no mesmo instante", tendo convulsões, hemorragia e ficando inconsciente. E há SUSPEITAS de envenenamento.
Acho que não, deve ter sido alguma azeitona estragada.

Homens de Preto

Adoro teorias de conspiração!
vi hoje um link para uma apresentação em flash animal sobre o atentado no pentágono. É toda animada e tem rítmo de show de rock. Cheia de fotos e fatos, aparentemente, inegáveis.
Demora um pouco a carregar, mas vale a pena dar uma olhada.

Pentagon Strike

Ode à Matemática

Os números me irritam, às vezes.

A matemática é só uma ilusão criada por filósofos que não sabiam escrever.
Mais ou menos como o tempo.
Tava tudo bacana enquanto o pessoal contava o rebanho com as pedrinhas.
Maldito seja quem primeiro inventou o Zero. E, a partir dele, todas essas putarias teóricas de números irracionais, sistemas de logarítimos, projeções tendendo ao infinito e outras viagens que servem, quando muito, pra gente saber o peso aproximado da Lua, a densidade demografica de uma mancha de bolor e outros importantes resultados como esses.

Tá bom, tá bom, a matemática serve pra muita coisa, está presente no dia-a-dia, o pi é um cara bacana e tal. Mas eu nunca me canso de me revoltar contra ela.
Ela é praticamente um inimigo público. Aposto que nem os matemáticos gostam dela, esses doidos que organizam seus potes no armário em P.G., medem a lógica de crescimento das colméias, ficam encontrando o Báskara em todo lugar e não conseguem mais achar as coisas gostosas ou bonitas, só “simétricas”, “proporcionais” ou “matematicamente perfeitas”.

Ofensa do Dia

"Seu retículo endoplasmático!"


(extraído de um diálogo no Instituto Biológico)

Propagandas e matéria-prima

Hoje vi um outdoor de um creme para peles Anna Pegova. Dizia lá lá que o produto tem 9 vitaminas e minerais.
Deve ser à base de sucrilhos.

Metamorfose Tropeçante

É engraçado perceber alguns padrões no comportamento humano. Algumas coisas que aprendemos destroem nossas certezas e nos fazem voltar a ter os pensamentos de quando éramos criança. Mais uma prova de que a meninada é que sabe das coisas.
Eu explico:
Quando perguntam a um menino pequeno se ele gosta mais de meninas loiras ou morenas, no geral, ou ele diz “nenhuma” ou escolhe uma entre as duas classes capilares. Quando esse menino cresce, e torna-se um rapazote, acha que sabe das coisas. Se voltam a fazer essa mesma pergunta, responde prontamente: “Não tem essa. A menina tem é que ser bonita, loira ou morena.” E se acha o máximo com essa resposta desconcertante-genial. E então, quando ele fica ainda mais velho, percebe que, na verdade, existe um padrão de preferência, ainda que inconsciente. Há um tipo de meninas que ele, no geral, acha mais bonito. E vê que sua resposta desconcertante-genial não valia um clips.
Um outro exemplo é a relação com bebidas alcoólicas. Uma criança sabe o mistério que a “água que passarinho não bebe” envolve. Não é só um gosto ruim. Mas aí, quando o cara vira rapazote e se acha mais malandro que os outros, adora afirmar que “bebe porque gosta do gosto, não pra ficar bêbado”. O que é uma grande bobagem. Ele cresce mais e admite que bebe para ficar bêbado. Se não fosse o estimado efeito etílico, bebia um suco, que é mais gostoso. É claro que existem boas cervejas, alguns vinhos excelentes e etc. Mas, considerando a quantidade que costumamos ingerir, a idéia geral é outra, não é apreciar o sabor. A ele, acabamos nos acostumando.

É por isso que cerveja sem álcool não faz sentido. Além de não causar efeito nenhum, ninguém gosta daquele gosto doce de suco de pinhão. Deve ser só efeito psicológico pra desmamar alcoólatra, mesmo.

Umas e Outras

Estudar História é muito legal. A gente acaba entendendo muita coisa. Ou desaprendendo muita coisa. Ou rindo de muita coisa. Principalmente porque ela já foi parte da realidade - e está terminada, carimbada, dentro dos livros. E mesmo a maior das imaginações não conseguiria conceber alguns dos nuances e rumos tomados pelo mundo nesse tempinho de existência. E daqui a alguns anos, vamos ser estudados. E vão entender, desaprender e rir da gente. E assim para sempre.

Mas a questão é: os melhores fatos históricos são aqueles geniais desde o título, que você acaba nem lendo o assunto para não estragar a magia. Por exemplo: dias atrás eu li que alguma coisa "acontecia desde a eliminação dos Tártaros da Criméia".

A eliminação do Tártaros da Criméia!
Não é preciso ler mais nada, dá pra imaginar ótimas situações a partir da eliminação dos Tártaros. Ainda mais da Criméia. Não deve ter sido nada fácil. Meus parabéns a seus eliminadores. Devem ter sido os Ostrogodos, junto com aquele pessoal meio maluco que cavalgava sentando em cima do bife pra amaciar a carne. Ou então foi Ivan Grozny, oTerrível, depois de se apaixonar loucamente por um pilastra de seu palácio, que despertou nele uma crise de ciúmes. É cada um que me aparece....

Esporos de Piração

Da série... Discursos Revolucionários que Não Deram Certo

"Basta! Dê-me um bilboquê e acabo com toda a seriedade da questão!"

Ofensa do dia

"Ah, cala a boca! Sua mãe tem gosto de pastilha Valda!"

Perguntas

É grave ou aguda a voz do sangue?

Existe horário mais ímpar que 11:37?

Quantas angústias cabem no casco do jabuti?

O que pensas neste momento, Hernandez Juarez?

Qual altura tem um litro de água potável?

No final do conflito das cores, restará só o vermelho?

Quanta frieza estala em uma casa que pega fogo?

Quais aspirações terá um triângulo isósceles?

Quantas notas musicais conhece uma uva?

Estará sempre triste a Ararinha-Azul?

Quais as dores do vulcão, em suas crises de vômito?

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Às vezes é muito melhor perguntar do que responder.

Certos Excertos

Trechos de "Tabacaria" (Álvaro de Campos)

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

(...)

Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,

(...)

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!

(...)

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

(...)

Tabacaria - texto integral

Nomes científicos

homo sapiens sapiens é muito chato. Tem tanto nome cientíifico legal por aí e a gente com um dos mais sem graça. Seria legal se cada um de nós pudesse escolher um diferente para si.

já tenho alguns modelos bacanas, para o meu.

Smilodon populator (é o Tigre-dente-de-sabre)

Haplomastodon waringi (o Mastodonte, aquele elefante antigo)

Doedicurus clauvicaudatus (um tatuzão pré-histórico que deixava até o Blade Runner com medo)

Bothrops bilineatus (Jararaca Verde)

Crotalus durissus terrificus (Cobra Cascavel)

A lista de nomes incrivemente legais não acaba nunca. E a gente com esse de meia-tigela.
Pelo menos o nosso é melhor que o nome-redundante-igual-ao-nome-popular do gorila. (Gorilla gorilla.)

Esporos de Piração

Da série, Meu Romance Fracassou:

- Porque você olha assim pra mim, Tomas? Porque me tortura com essa indiferença? Eu quero proveitar cada momento junto a você, vamos sair e ver as estrelas, vamos dançar valsa à luz da lua, vamos nos abraçar em baixo d'água e nos olhar nos olhos e cantar cantigas e inventar poemas e beijar novos beijos e ser pra sempre felizes...

- Bem... Tereza... concordo que és a maior que já tive, mas.... tu não passas de uma afta!

Certos Excertos

"Ah, como todos os meus sentidos têm cio de vós!"
- Fernando Pessoa (trecho da Ode Triunfal)

"Pensar nisso faz frio, faz fome duma cousa que se não pode obter"
- Idem (trecho da Ode Marítima)

Umas e outras

Houve um tempo por aí em que não dava pra pedir um pote de palmito na mercearia ou comprar uma lasagna congelada no Pão de Açúcar. Nessa época tinha um pessoal que passava muito melhor que os outros, era quase uma sacanagem.
Enquanto uns se alimentavam de pão preto, batata podre e cerveja amarga, só viam carne no altar de sacrifícios, e a comida chique eram, por exemplo, algumas tâmaras (que, convenhamos, são uma péssima invenção), a tupizada daqui comia mandioca de todos os jeitos, tinha fruta a dar com pau, recursos suficientes para fazer uma salada do tamanho da Bélgica, carne de capivara e peixinho assado na folha de bananeira.
É, talvez deus seja brasileiro. De tâmaras é que ele não gostava, aposto.

Tentativa Pré-Histórica

É... depois de achar aquele ensaio de blog que fiz uma vez, lembrei de uma pagininha que fiz há MUITO tempo. Muito tempo mesmo. Nem existia ainda o conceito de blogs. Era programação em HTML, combinando "FrontPage" com Bloco de Notas. Na época do Napster. E seus restos virtuais ainda estão no ar:

http://orbita.starmedia.com/~calypse/

ela é cheia de viadagens, precisa esperar a janela abrir e depois digitar uma senha. ("endoftimes")

Mas dá pra ir direto:
http://orbita.starmedia.com/~calypse/frames.htm

Engraçado ver coisas que eu gostava na época, coisas que não mudaram, coisas com as quais eu perdia muito tempo.

é uma das páginas mais poluídas, chatas, pentelhas e nerds que eu já vi.
Ah... esses espelhos do passado.

Brincadeira de entender

"Eu quase que nada sei, mas desconfio de muita coisa"
- João Guimarães Rosa

Adoro essa frase.
Será humildade pedante ou pretensão ingênua?

Só sei que esse eterno desconfiar incomoda de vez em quando. Parece uma estrada à mediocridade. De tudo um pouco é de nada um muito. Sem especialidade alguma. Sem reconhecimento. Sem muita diferença.

Mas é muito cedo para reflexões maiores que 7 centímetros.

alguém tem uma meia-notícia aí para eu formar um meio-pensamento?

Ofensa do Dia

"Sua muxiba de pirarucu!"

Strike 1

Os primeiros posts costumam receber grande atenção, chegando super miteriosos, cheios de pretensões, traçando planos, introduzindo idéias, imaginando coisas.
Eu acho que eles são, no geral, supervalorizados. Se o primeiro post não fosse o primeiro, outro seria.
Sua única função é destoar da cor do fundo abrindo caminho para novas adições.
Este aqui, por exemplo. Ele não foi o primeiro, originalmente. O primeiro era mais ou menos assim: "teste". Com toda essa graça.

Em homenagem a esse primogênito, de crua e real beleza, o verdadeiro Número Um, fiz esse post-epitáfio auto-referencial.

E vamos ao segundo!